O impacto dos exames desnecessários na eficiência do SUS: Como reduzir os custos e melhorar a qualidade do atendimento?

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Por Luiz Duplat

A cada dia, aumenta o número de pacientes que se queixam que “fez uma consulta médica e sequer foi examinado, mas o médico solicitou uma bateria de exames”.

A solicitação de exames desnecessários para diagnóstico é um problema que tem afetado o Sistema Único de Saúde (SUS) de maneira significativamente negativa. A busca por resultados mais rápidos e a pressão por diagnósticos precisos levam os médicos a solicitarem exames desnecessários, gerando custos desnecessários para o SUS, além de prejudicar a sua eficiência. Esse problema é especialmente preocupante em um contexto em que vivemos de subfinanciamento e escassez de recursos, em que a busca por eficiência e racionalização do gasto público é mais importante do que nunca.

Uma das soluções para esse problema é a implementação de protocolos clínicos baseados em evidências científicas. Isso significa que os médicos devem seguir as diretrizes que indicam quais exames são necessários em determinadas situações clínicas, com base nas melhores evidências científicas disponíveis. Essa abordagem pode ajudar a reduzir o número de exames desnecessários, garantindo ao mesmo tempo a qualidade e a segurança do atendimento ao paciente, pois muitos destes exames desnecessários pode afetar diretamente a sua saúde.

Outro ponto a ser considerado para solução deste problema é a conscientização dos médicos sobre a importância da escolha adequada dos exames. Os médicos devem buscar informações sobre a eficácia e segurança dos exames que solicitam e considerarem os aspectos financeiros de suas escolhas, a chamada relação custo/benefício. Além disso, os médicos também devem adotar uma abordagem mais centrada no paciente, buscando envolvê-los nas decisões sobre quais exames devem ser realizados.

Por fim, é importante ressaltar a importância do uso de tecnologias de informação, a exemplo da ferramenta Prontuário Eletrônico do Paciente, que monitora a realização de exames ao longo do tempo, identificando padrões de solicitação e permitindo conduta mais efetiva na redução das solicitações desnecessárias.

Em suma, a solicitação de exames desnecessários é um problema sério que afeta a eficiência e a sustentabilidade do SUS. A implementação de protocolos clínicos com base em evidências científicas, a conscientização dos médicos sobre a importância da escolha adequada dos exames e o uso de tecnologias de informação para gerenciamento de exames já realizados pelo paciente, são três soluções possíveis para reduzir o número de solicitações desnecessárias e repetitiva de exames, além de melhorar a qualidade do atendimento prestado aos pacientes.

Luiz Duplat é obstetra, médico  do programa Saúde da Família e subsecretário de Saúde de Camaçari

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